
PT
E se todas as provações, desafios e mudanças que estamos a atravessar são exactamente o que a nossa alma precisa para trabalhar os aspectos em que necessitamos de crescer?
Se não nos entregamos ao desconhecido, como podemos confiar na vida?
Que este período seja de reflexão e questionamento, que a introspecção a que o inverno nos convida nos ajude a ganhar novas perspectivas.
Caminhemos para além do que sabemos, sejamos para além do que julgamos ser.
Que os saltos de fé sejam plenos de vontade, que a vontade seja um vôo pleno que nos ajude a planar… ir enraizando em casa em nós mesmos, em casa naqueles que nutrimos e nos nutrem com o seu amor, amizade e irmandade…
Que vivamos uma segunda infância em que nos re-educamos a nós mesmos agora com mais consciência, corrigindo o nosso subconsciente de todas as programações negativas e livre das influências que nos condicionaram ou ainda possam condicionar.
Um trauma ou uma ferida são apenas pedras que nos acertaram, mas não temos de continuar em loop reproduzindo o mesmo ciclo que nos afectou.
Talvez todas as experiências que passámos e passamos sejam o barro a partir do qual nos podemos re-inventar e desenvolver o nosso carácter, a cada passo do caminho que nascemos para percorrer.
Que haja transparência e integridade, que nos reencontremos nos mesmos pontos, passando o testemunho, e abrindo caminho para o enriquecimento que nos traz a aprendizagem mútua.
Tal como no trânsito temos a oportunidade de pausar e nos adaptarmos a um ritmo mais lento, inclusivo e atento em vez de criarmos o caos com a nossa ansiedade e egoísmo, que, também, na vida saibamos cooperar, colaborar, co-criar, estando todos para o mesmo criando abundância de muitas maneiras com tudo o que somos e tudo o que podemos dar sem nunca nos empobrecermos.
Se queremos que as coisas se manifestem para nós precisamos ajudar a que se manifestem também para os outros.
Somos fios da mesma teia, somos tecedores e somos a teia.
Se o nosso caminho e as nossas práticas nos estão a tornar mais bondosos e amorosos, continuemos.
É disso que se trata, afinal.
Se continuamos a sofrer, há que reflectir e ganhar auto-consciência, pois muito do nosso sofrimento, já dizia Khalil Gibran, somos nós que o criamos.